Objetivo do trabalho é capacitar profissionais de ensino para torná-los multiplicadores

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Durante as primeiras oficinas ofertadas pelo projeto GPontes, em Três Lagoas, na última segunda e terça-feira (18 e 19), cerca de 80 professores da rede municipal de ensino puderam conhecer atividades que complementarão muitas propostas em execução nas instituições de ensino do município. A atividade é mais uma das ações do Programa de Educação Ambiental (PEA) que acontece durante a construção da ponte sobre o Rio Paraná, na divisa entre os estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo.

 

Na última semana, 35 professores de Castilho (SP) já haviam recebido uma oficina com o mesmo tema.

 

O professor de Educação Física Murilo Cézar de Carvalho Pereira é um exemplo de educador que procura trabalhar a consciência ambiental com seus alunos. Ele, inclusive, montou um parquinho com pneus na escola onde leciona. Para ele, ainda que as crianças com quem trabalha estejam na faixa etária entre um e quatro anos, elas assimilam bem a proposta. “Mesmo sendo pequenas, achei importante trabalhar conceitos como o movimento das árvores; como o vento faz. Assim, elas podem discernir o certo e o errado”, explica.

Já a professora Anizethe Gonçalves de Oliveira, que trabalha no bairro Jupiá, comunidade vizinha à obra da nova ponte sobre Rio Paraná, também procura oportunizar uma vivência com a natureza ao trabalhar a consciência ambiental frequentemente. Ela aproveita a proximidade com o rio para promover atividades como coleta do lixo jogado próximo às margens, levando inclusive o material para dentro de sala para mostrar o que as pessoas estão fazendo com pets e plásticos. Por conta disso, ela fez questão de participar da capacitação. “A gente tem que trabalhar a questão da consciência ambiental, pois a maioria dos pais dessas crianças são pescadores. Elas, muitas vezes vão se divertir no Rio junto com os pais”, comenta a professora, que também é presidente da Associação de Pescadores do bairro.

O objetivo das oficinas é justamente transformar os professores em multiplicadores. Eles participam de atividades como leitura, produção de fotografia e de textos para que tenham a percepção ambiental aguçada, a partir da identificação de aspectos que caracterizam a região de Três Lagoas.

Para garantir atividades prazerosas e que envolvam professores e, por consequência, sejam capazes de envolver os estudantes, os articuladores do PEA trabalham com livros que têm como personagem principal o Saci Pererê – entidade que protege a mata e a natureza – e que abordam noções de literatura, geografia, matemática, português, a chamada interdisciplinalidade. “As atividades dos livros são diferentes. Contando as estórias para os alunos, eles vão gostar. São propostas viáveis de se trabalhar em sala, vão complementar a parte de meio ambiente que já desenvolvemos com eles”, ressalta a professora Elisandra Florência da Silva Cerqueira. 

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Livro-jogo

Os conteúdos trabalhados na oficina deverão ser replicados pelos professores em sala de aula, bem como, servir de base para a construção da nova publicação.

 

Para a professora da Universidade Federal do Paraná responsável pela metodologia aplicada em Três Lagoas e Castilho, Christianne Gioppo, um dos diferenciais do trabalho é o uso de princípios do Role Playing Game (RPG), um tipo de jogo colaborativo no qual os jogadores assumem papéis de personagens e, dentro de um sistema de regras estabelecido, criam narrativas por conta própria.

 

Com experiência em trabalhos com livros didáticos desde 1995, a docente desenvolve materiais pedagógicos alternativos para estórias virtuais ou impressas, conhecidas como aventura-solo, um tipo simplificado de RPG. Usando a noção de links, esse tipo de livro possibilita que a leitura dos capítulos seja realizada de forma aleatória, o que faz com que o aluno tenha maior autonomia para escolher “caminhos” durante a aprendizagem, conforme sua curiosidade. “Além dessa questão, outro diferencial dessas publicações é que elas são um trabalho de autoria. O professor que participa do projeto é uma espécie de ‘criador’ de estórias e de livros”, explica a professora que, no início deste mês, apresentou a proposta na França, durante Séminaire International de La Main à La Patê, evento que reuniu pesquisadores que desenvolvem materiais educativos em todo mundo.

 

A proposta dos livros sobre as aventuras do Saci é que os professores encontrem aspectos importantes da natureza local, fotografem e convençam o Saci a permanecer mais tempo na região de Três Lagoas.

Com duração de 16 horas, o curso é dividido em duas etapas, sendo que a segunda será realizada em setembro. No intervalo entre os encontros, os professores em conjunto com os estudantes vão executar atividades que serão apresentadas ao público na segunda fase do curso, com uma exposição fotográfica. “Como proposta, lição de casa, pedimos aos professores que estão desenvolvendo alguma atividade relacionada ao meio ambiente, que dêem continuidade ao trabalho”, destaca a supervisora pedagógica do PEA, Josiane Silochi.

 

Os articuladores da educação, em Três Lagoas, também levarão a mesma oficina para 18 professores da escola de campo Antônio Camargo. 

 

Hendryo André e Gislene de Almeida, especial para o Projeto G-Pontes
Assessoria de Comunicação
ITTI – Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura
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