Anteprojeto de Derrocamento - Hidrovia do Rio Tocantins/PA
O Anteprojeto de Derrocamento da Hidrovia do Tocantins é resultado de um Termo de Cooperação Técnica entre a UFPR/ITTI e o DNIT. O Estudo foi realizado em um trecho de 43 km, situado entre a Ilha do Bogéa e a localidade de Santa Terezinha do Tauri, no estado do Pará, e compreendeu a revisão do dimensionamento do canal de navegação do Rio Tocantins, bem como a revisão da modelagem hidrodinâmica do rio na situação de águas baixas, a revisão da estimativa dos volumes de derrocamento e a revisão do orçamento da obra.
Os dados necessários para a elaboração dos estudos, bem como dados complementares levantados após o estudo da empresa CB&I (2013), foram fornecidos pela Diretoria de Infraestrutura Aquaviária (DAQ), do DNIT, a qual solicitou a revisão e a elaboração de todas as atividades e documentações necessárias à abertura de processo licitatório para a execução das obras.
O documento elaborado pela Universidade apresenta resultados e soluções propostas com o objetivo de melhorar as condições operacionais da Hidrovia do Tocantins. No Anteprojeto, foram estabelecidos três cenários de projeto para cálculo dos volumes de derrocamento: otimista, intermediário e conservador.
No anteprojeto foram abordados os seguintes tópicos:
- Localização
- Dimensionamento do Canal de Navegação
- Modelagem Hidrodinâmica
- Cálculo dos Volumes de Derrocamento
- Definição das Áreas de Bota-Fora
- Método de Derrocamento
- Impactos Ambientais e Medidas Mitigatórias
- Segurança e Saúde
- Custos Ambientais com o Período do Defeso
- Produtividade
- Estimativa de Custos
Localização
As obras de derrocamento foram executadas no trecho compreendido entre a Ilha da Bogéa (km 350) e a localidade de Santa Terezinha do Tauri (km 393), ao longo do Rio Tocantins, em uma extensão de aproximadamente 43 km, onde o leito é constituído por formação rochosa com afloramentos em alguns pontos, caracterizando profundidades e larguras reduzidas, as quais ocasionam restrições à navegação para determinados níveis d’água durante várias situações hidrológicas ao longo do ano.
Município: Itupiranga
Estado: Pará
Local: Trecho entre Santa Terezinha do Tauri (Itupiranga) e a Ilha da Bogéa
Corpo hídrico: Rio Tocantins
Trecho: km 350 – km 393
Extensão: 43 km
Características
O Rio Tocantins, no trecho compreendido entre a barragem da UHE de Tucuruí e a cidade de Itupiranga, no estado do Pará, sempre apresentou, apesar de seu grande porte, inúmeros obstáculos à navegação, constituídos por afloramentos rochosos existentes em grande parte no seu leito natural.
As dificuldades à navegação nesse trecho são antigas e a necessidade de sua correção se agrava pela demanda do desenvolvimento socioeconômico regional. No passado, foi construída uma ferrovia para contorná-lo parcialmente. No entanto a ferrovia foi desativada e, atualmente, a hidrovia é considerada a alternativa de transporte de cargas mais eficiente e recomendada para a região.
O trecho mais crítico à navegação é conhecido como a “região dos pedrais”, que se situa entre a extremidade de montante do reservatório da UHE de Tucuruí e o povoado de Santa Terezinha do Tauri, localizado na margem esquerda do rio.
O ponto mais crítico do estudo se encontra no início da região dos pedrais, sendo denominado como “Pedral do Lourenço”. O ponto apresenta uma grande concentração de rochas que afloram na situação de águas baixas. Próximo ao início do reservatório de Tucuruí, também existem locais críticos com afloramento de rochas e de vegetação de ilhas submersas na época de águas baixas.
Considerações
No Anteprojeto de Derrocamento da Hidrovia do Rio Tocantins foram apresentados estudos referentes aos seguintes tópicos: dimensionamento do canal de navegação; modelagem hidrodinâmica do rio para as situações de águas baixas (Q = 1.898 m³/s), médias (Q = 8.854 m³/s) e altas (Q = 45.717 m³/s); cálculo dos volumes de derrocamento; definição das áreas de bota-fora; método executivo do empreendimento; premissas da estimativa de custos; e cronograma.
Durante a atividade de modelagem hidrodinâmica do Rio Tocantins, foram necessários procedimentos de calibração especiais e levantamentos de dados adicionais (níveis d’água e vazões), além das informações batimétricas disponibilizadas.
Com base nessas informações em campo e dentro da precisão dos levantamentos realizados, foi atualizado o perfil de lâmina d’água correspondente ao cenário de águas baixas (perfil de projeto). A partir da comparação desta superfície rebaixada em 3,0 metros (profundidade de projeto) com a batimetria do rio dentro do canal navegável, foram calculados os volumes de derrocamento.
A modelagem hidrodinâmica contemplou inúmeras simulações, totalizando mais de 1.000 horas de trabalho computacional. A calibração e validação do modelo bidimensional envolveram métodos avançados, utilizando informações obtidas de medições com um perfilador acústico de corrente por efeito Doppler (ADCP).
Após a calibração do modelo, foram realizadas simulações na condição de estiagem com o canal derrocado para verificar se ocorria rebaixamento da lâmina d’água em decorrência do derrocamento. Uma vez estabilizada a lâmina correspondente à profundidade de 3,0 m, foram calculados os volumes de desmonte.
O estudo de cada área a ser derrocada forneceu subsídios para o dimensionamento do plano de fogo, equipamentos de perfuração, escavação, carregamento e transporte dos blocos de rocha. A associação dos equipamentos, materiais e da mão de obra necessária permitiu estimar os custos unitários e totais para a execução do empreendimento, os quais constam no volume “Memorial de Cálculo”.
Em síntese, foi estabelecido o prazo de 36 meses para a fase de execução do empreendimento, sendo: um mês para mobilização, 22 meses produtivos de execução, 12 meses improdutivos (período do defeso) e um mês para desmobilização. Considerou-se ainda, na estimativa de custos, 24 meses para elaboração dos projetos básico e executivo de derrocamento e dos estudos e ações necessárias ao licenciamento ambiental da obra.