No último dia 6, motoristas na Agesa receberam um CD com músicas que retratam os problemas ambientais do Pantanal

 

Em comemoração à Semana Nacional do Meio Ambiente, cerca de 60 caminhoneiros que passaram pelo Porto Seco em Corumbá no último dia 6 ganharam um kit de conscientização ambiental. O presente conta com um CD de músicas com ritmos típicos, como o guarânia e o sertanejo, que retratam os problemas ambientais recorrentes na região, como atropelamento de animais na rodovia e queimadas. A distribuição dos kits faz parte da campanha “BR 262 – Faço Parte deste Caminho”, que acontece durante as obras de revitalização de 284,2 quilômetros da BR 262, no trecho que passa por Anastácio, Miranda e Corumbá.açãoportosecomaio

O objetivo da distribuição é estimular os usuários da BR 262 a uma responsabilidade pessoal com a preservação da fauna e flora nativas, bem como com a diminuição dos principais problemas ambientais da região. Uma distribuição similar aconteceu no final de abril e atingiu cerca de 100 caminhoneiros na Armazéns Gerais Alfandegados de Mato Grosso do Sul (Agesa), empresa que administra o Porto Seco.

“As pessoas sabem que precisam cuidar do meio ambiente. Uma campanha como essa serve para todo mundo pensar que vale a pena mudar”, comenta um dos caminhoneiros que ganhou o kit, José Mazieiro, de São Manoel (SP).

Um dos principais problemas abordados pela campanha foi o atropelamento de animais na rodovia. De junho de 2011 a maio de 2012, o Programa de Monitoramento de Atropelamento de Fauna, do ITTI-UFPR, catalogou 610 animais atropelados no trecho das obras. Cerca de 70% dos animais eram mamíferos, 23% répteis e 7% aves. O jacaré-do-pantanal foi a espécie mais atropelada. “Os animais aparecem quando menos a gente espera”, conta o caminhoneiro Sirineu José Bertoni, de São Paulo.

De janeiro a fevereiro deste ano, o ITTI realizou uma pesquisa de opinião com 83 caminhoneiros no Porto Seco. Destes, 79% afirmaram ter presenciado o atropelamento de algum animal e 21% já atropelaram ou eram passageiros de veículo que atropelou. “Ontem mesmo, na vinda vi três animais mortos: anta e jacarezinhos”, conta Bertoni.

Mais de um terço dos entrevistados na pesquisa acredita que o acidente acontece por descuido, mas 21,87% apontam a falta de visibilidade e 18,75% a ausência de sinalização na pista como principais causas. Apenas 12,5% culpam o excesso de velocidade. “Tem caso que por excesso de velocidade acontece a morte, mas têm casos repentinos. Você pode não estar em alta velocidade, mas se ele [o animal] entrar na pista correndo, não tem como frear”, justifica Roberto da Conceição, caminhoneiro e morador de Corumbá. Ele acredita que os caminhoneiros ainda possuem uma vantagem sobre os motoristas de carros pequenos: “Nós temos rádio para nos comunicar e avisar quando há um animal na pista”.

O funcionário da Agesa, Edi Jonni Dias de Moura, conta que os caminhoneiros recebem a campanha positivamente e sempre perguntam sobre o projeto do ITTI. “Os caminhoneiros estão sempre na rodovia e são eles que veem o que acontece, o atropelamento dos animais, as queimadas. É uma iniciativa muito importante e que não pode parar. Além de o CD chamar muita atenção”, ressalta.

A campanha é uma ação do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura da Universidade Federal do Paraná (ITTI-UFPR), que executa 15 programas ambientais paralelos à obra, como Monitoramento de Atropelamento de Fauna, Educação Ambiental e Prevenção de Acidentes. O ITTI é parceiro do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), órgão responsável pela reforma na rodovia.

 

Débora Lorusso e Mariana Ferreira Cardoso
Assessoria de Comunicação
ITTI – Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura
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