Ação do Programa de Educação Ambiental que ocorre em paralelo à pavimentação de trecho da Estrada Boiadeira (BR 487) reuniu 30 agricultores

 

Com foco na economia solidária, 30 integrantes da Organização Central das Associações de Desenvolvimento Comunitário de Tuneiras do Oeste (Ocadecto) participaram na última sexta-feira (14) da oficina “Gestão ambiental e produção de alimentos na agricultura familiar com economia solidária”, ministrada pela professora do Departamento de Teoria e Prática da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Sonia Haracemiv e pela doutoranda em Sociologia Izabel Liviski.

 

A atividade é parte do Programa de Educação Ambiental (PEA), um dos cinco programas socioambientais que integram o projeto “Estrada Boiadeira: sonho que se realiza”. As ações desenvolvidas em paralelo à construção do trecho de 18,7 quilômetros, entre Cruzeiro do Oeste e Tuneiras do Oeste, na região Noroeste do Paraná, são resultado de uma parceria entre a UFPR, por meio do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI), e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

ocadecto sonia izabel

 

Além de atividades com trabalhadores da obra, o PEA atua com professores da rede pública de ensino dos dois municípios contemplados pelo empreendimento, com comunidades e outras organizações da sociedade civil, como a Ocadecto.

 

O encontro foi o primeiro de uma série de atividades que devem ser trabalhadas com a organização até maio de 2013, data de previsão para a finalização do trecho da BR 487.

 

No início da oficina, os agricultores apresentaram quais alimentos cultivam, as formas como trabalham o solo, bem como as épocas de plantio e colheita. Segundo a professora Sonia Haracemiv, a opção metodológica adotada está em consonância com os princípios da economia solidária.

 

“Primeiro, escolhemos os produtos mais produzidos no município pela agricultura familiar e, em seguida, pedimos para que cada pessoa apresentasse outra do grupo para os demais. Eles precisavam responder quem era o colega que pertence a organização. Com isso, trabalhamos com as necessidades e os sonhos dos outros, que é básico da economia solidária”, explica a professora.

 

Para a presidente da Ocadecto, Maria da Conceição Santos, a metodologia empregada na oficina foi o diferencial para que houvesse participação do grupo. Na segunda parte do encontro, por exemplo, os participantes fizeram uma simulação do processo produtivo, desde o cultivo até a comercialização.

 

“A primeira impressão é positiva, pois existiu participação ativa do grupo. Achei interessante a abordagem da região a partir do histórico da Estrada Boiadeira e também a segunda parte da oficina, que abordava a divisão dos setores econômicos. Isso fez com que o agricultor pudesse ampliar o conhecimento do processo produtivo e avançar nas relações da produção do trabalho, princípios que vêm de encontro com as propostas de desenvolvimento que a Ocadecto defende”, diz Conceição.

 

Agricultura familiar e economia solidária

A agricultura familiar é uma forma de produção na qual os próprios trabalhadores dirigem o processo produtivo, geralmente com auxílio da mão-de-obra do núcleo familiar. Segundo o Censo Agropecuário de 2006, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor é responsável pela segurança alimentar do país. Os números do Censo apontam que a agricultura familiar representa 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, 21% do trigo. Na pecuária, 58% do leite, 59% do plantel de suínos, 50% das aves e 30% dos bovinos.

 

Para o secretário de Turismo e Meio Ambiente de Tuneiras do Oeste, Vison Correa, o encontro foi importante para o município: “Parte dos agricultores não tem conhecimento do funcionamento e da relevância do trabalho que a agricultura familiar desenvolve. Por isso, a troca de experiências com professores e profissionais que trabalham com educação ambiental é fundamental”.

 

Como a economia solidária é uma forma de produção, consumo e distribuição de riqueza centrada na valorização do ser humano, para o analista ambiental e chefe de Reserva Biológica das Perobas, Carlos Alberto Ferraresi De Giovanni, que também participou do encontro, esse princípio de economia valoriza a responsabilidade do ser humano com a natureza.

 

“Toda ação que discuta meio ambiente, educação e cultura, e que, principalmente, tente unir agricultura e preservação de meio ambiente só vem a somar. A agricultura familiar é a base da economia do município e, por isso, quanto mais os agricultores tiverem apoio e informação, mais eles vão poder continuar sendo preservadores da natureza”, defende o chefe da Reserva, que é uma unidade de conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, autarquia federal do Ministério do Meio Ambiente.

 

Há no Brasil mais de 4,3 milhões de estabelecimentos de agricultura familiar. Apesar da representação na produção, os agricultores familiares ocupam apenas 24,3% das áreas destinadas à agricultura. Segundo a agricultura Angelina Ferreira Heringer, de 39 anos, atividades de educação ambiental são importantes. “Esse tipo de encontro auxilia a organização e a união de nós agricultores, além de fortalecer a Ocadecto como um grupo”

 

No final, foi realiza uma confraternização (um café) com alimentos produzidos na região.

 

Hendryo André
Assessoria de comunicação
ITTI – Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura
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