Mais de 200 pessoas participaram de exposição fotográfica e lançamento de livro pedagógico em Corumbá, Miranda e Anastácio

Três exposições fotográficas no início desta semana reuniram mais de 200 visitantes em Corumbá, Miranda e Anastácio. Com materiais produzidos por estudantes e professores da rede pública de ensino, o evento reuniu imagens sobre o bioma Pantanal. A atividade encerra o Programa de Educação Ambiental (PEA) executado pelo Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) durante as obras de recuperação da BR 262 nos três municípios. O Instituto é parceiro do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), órgão responsável pela reforma na rodovia.
 

Ao todo, cerca de 150 fotografias de 15 escolas foram expostas, 11 delas localizadas em Corumbá. Além de placas de participação das escolas no projeto, os integrantes do PEA entregaram kits com livros da coleção Decompondo o Saci, organizada pela professora do Departamento de Educação da UFPR Christiane Gioppo (SAIBA MAIS SOBRE A PROPOSTA DESENVOLVIDA PELA PROFESSORA CHRISTIANE GIOPPO). Integram a coletânea dois livros produzidos com a colaboração dos professores das três cidades que participaram das ações – “O Saci do Pantanal” e “O Saci Assobiador/Kali Héui Húmikoti”, com um dos textos traduzidos para a língua terena.

 

VEJA A GALERIA COM AS PRINCIPAIS FOTOGRAFIAS DO ENCERRAMENTO DO PEA.
 

Entre fevereiro e março deste ano, quase 200 profissionais de educação de Corumbá, Miranda e Anastácio participaram de oficinas sobre educação ambiental, ministradas pela professora Christiane Gioppo. A atividade começou com a apresentação do livro Um Novo Começo (BAIXE A VERSÃO COMPLETA DO LIVRO AQUI). A cartilha conta a visita do Saci ao Pantanal, em busca de uma área preservada para habitar – mas a visão que a personagem tem do local é incompleta, mostra que não conheceu bem a região e, por isso, decidiu ir embora. Na ocasião, a docente propôs que os professores escrevessem cartas ao Saci, a fim de convencê-lo a conhecer melhor o Pantanal – o resultado disso são os livros “O Saci do Pantanal” e “O Saci Assobiador/Kali Héui Húmikoti”.

encerramento pea02Estudantes de Anastácio escrevem carta ao Saci
A Escola do Jardim Independência trouxe uma novidade – o Saci Pantaneiro –, montado num cavalo, de chapéu e capa de chuva. Foram apresentadas duas cartas convites para o Saci se fazer presente na comunidade, ajudando a preservar o meio ambiente para transformar o bairro num local agradável e livre do lixo.

 

De acordo com a professora e diretora da Escola Jardim Independência, Rosemeire de Cássia, destacou a relevância de uma instituição localizada longe das áreas centrais do município participar do projeto. “Nossa comunidade tem suas peculiaridades em função da localização, mas tem consciência de sua responsabilidade. O projeto Florestinha, que trabalha com adolescentes do local, é um exemplo de que aos poucos está se formando uma geração mais responsável no quesito ambiental”, disse a diretora ao destacar um projeto que mostrou o mapeamento ambiental realizado no trevo de acesso a Anastácio, onde foram identificadas plantas e insetos.

 

O professor Ariosto dos Santos, que leciona na mesma escola e recentemente lançou o livro “O Dia em que o Saci Caiu na Arapuca”, mostrou-se otimista com o projeto, principalmente pela coincidência entre os projetos. “Interessante trabalhar um tema que pertence à cultura popular, o que faz o assunto ficar um pouco mais lúdico e agradar os alunos. Certamente é através da educação e da cultura que daremos importante passo na preservação de flora e fauna, de maneira especial ao longo da nossa BR-262”, afirmou o professor e escritor.

encerramento pea01Teatro com “motorista maluco” agita exposição em Miranda
Em Miranda, a exposição aconteceu no Centro de Exposições e Eventos 16 de Julho, com a participação das escolas Pilad Rebuá e 15 de Outubro, acadêmicos da Universidade Aberta do Brasil Pólo Professora Maroli Vicente Júlio e Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Alunos e professores da Escola Estadual Rosa Pedrossian também visitaram a exposição.

Os visitantes eram recebidos na primeira pirâmide do Centro de Eventos, onde assistiam um teatro que falava da preservação da flora e da fauna, principalmente em relação aos cuidados com queimadas e atropelamento de animais. Um “motorista maluco” que trafegava de forma irresponsável entre os animais espalhados na pista fez a alegria da criançada.

Ao todo foram seis turmas – três no período da manhã e três no período da tarde – com 120 alunos cada uma. Após o teatro, os visitantes recebiam um caderno e um lápis com o gorro do saci para que pudessem fazer anotações sobre os trabalhos expostos, como a horta montada em garrafas retornáveis.

 

O prefeito de Miranda, Neder Vedovato, visitou a exposição e afirmou que o PEA pode ser considerado como uma semente que veio contribuir para a ampliação do conceito de responsabilidade ambiental: “A BR-262 é caminho de desenvolvimento para região, mas se não forem adotadas práticas positivas de tráfego poderá ser também fator de agressão, principalmente à fauna. É comum animais atravessando a pista, e se os motoristas não tiverem consciência de sua responsabilidade, muitos deles terminarão atropelados”.

 

Professores de Corumbá destacam trabalho fora de sala

Professores e alunos de 11 escolas municipais de Corumbá participaram da oficina, na última quarta-feira (09). Por conta da existência de escolas rurais na região, os profissionais de educação costumam trabalhar com a temática ambiental em sala de aula. Ainda assim, os profissionais da cidade consideraram como resultado positivo do PEA a possibilidade de desenvolver um trabalho fora da sala de aula.
 

Para a professora de Ciências da Escola Rural Monte Azul Neuza Lopo Vieira, os estudantes tiveram maior facilidade para aplicar os conceitos da oficina de educação ambiental do que os próprios professores. “Isso é muito importante porque, como moram na zona rural, eles têm que saber como trabalhar com os recursos disponíveis na terra, como a maneira de cultivar suas plantações, cuidados com o lixo e o meio ambiente”, acredita.
 

Segundo a agrônoma e articuladora de Educação Ambiental na região de Corumbá, Vania Sabatel de Oliveira, o trabalho do PEA será reconhecido pela comunidade local não apenas pelo ensino de técnicas aos professores e estudantes: “Estou surpresa com os resultados que temos alcançado. Algumas comunidades estão procurando se unir, havendo essa coesão social em busca de soluções para os problemas ambientais que eles estão convivendo no local”. 


encerramento pea03PEA
As atividades do PEA junto a professores da rede pública de ensino foram iniciadas em agosto de 2011 com o oferecimento do curso à distância “Introdução à Educação Ambiental”. Entre fevereiro e março deste ano, quase 200 profissionais de educação de Corumbá, Miranda e Anastácio participaram de oficinas sobre educação ambiental, ministradas pela professora Christiane Gioppo.
 

Segundo a docente da UFPR, essa metodologia de trabalho investe na ruptura do modelo tradicional de educação e auxilia tanto alunos quanto docentes. “Antigamente, os professores recebiam uma formação mais técnica para usar os livros didáticos. A nossa ideia foi promover uma educação mais reflexiva. Se antes formávamos profissionais de educação para trabalharem com o conteúdo, hoje colocamos a biologia dentro de um contexto, buscando extrapolar os livros”, explica.
 

Para atingir tal proposta de trabalho, a intenção foi caracterizar melhor o Pantanal, a partir do mapeamento do bioma e de sua relação com o campo da cultura, especialmente com o folclore. “Essa escolha ocorreu por conta do caráter interdisciplinar que possibilita conciliar a percepção ambiental com a formação cultural dos professores”, justifica a professora.
 

 

Hendryo André, Mariana Ferreira Cardoso e Sidney Borges
Assessoria de Comunicação
ITTI – Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura
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