A equipe do Programa de Proteção à Fauna da Gestão Ambiental BR-135/BA/MG realizou, nos meses de agosto e setembro, a 4ª Campanha de Monitoramento de Fauna na região do traçado da rodovia BR-135, entre os municípios de São Desidério, na Bahia, e Montalvânia, em Minas Gerais.

Durante o monitoramento é registrada a presença de animais em uma área chamada transecto, definida a partir de uma linha perpendicular ao traçado da rodovia, na região de estudo. Ao todo são monitorados três transectos onde os biólogos instalam câmeras fotográficas, armadilhas de contenção viva (como gaiolas) e armadilhas de interceptação e queda, além de buscarem por rastros e vestígios, como fezes, pegadas, pelos e penas.

Segundo o biólogo da Gestão Ambiental, Dr. Lucas Batista Crivellari, no monitoramento os especialistas identificam todas as espécies capturadas e marcam todos os indivíduos. “Assim, além de compreender quais são as espécies que ocorrem localmente, nós também avaliamos aspectos sobre como a rodovia pode influenciar as populações dessa fauna residente, ao longo das suas diferentes etapas de implantação e operação”, afirma.

O Programa de Proteção à Fauna é composto por biólogos especializados em diversas áreas. Os herpetólogos, por exemplo, se dedicam ao estudo de répteis e anfíbios, como lagartos, cobras, sapos e rãs. Durante à noite, quando também são realizadas incursões às lagoas, eles identificam a presença de algumas espécies de anfíbios só de ouvir o som de seu coaxar.

O mastozoólogo, por sua vez, é o biólogo responsável por registrar a presença de mamíferos na região de estudo, como o rato-do-mato, o soim e o saruê. Eles também utilizam armadilhas de captura que não machucam os animais, instaladas no chão e nas árvores, onde são colocadas frutas e outros alimentos que servem como iscas para atraí-los. Além disso, os mastozoólogos também analisam as pegadas e outros rastros destes mamíferos, e com as armadilhas fotográficas conseguem verificar quais espécies estão circulando pela região.

Já os biólogos especializados em aves, chamados de ornitólogos, capturam os pássaros na área dos transectos e verificam seu tamanho, sexo, peso, se são jovens ou adultos, se estão no período reprodutivo e se estão saudáveis. Da mesma forma que os demais especialistas, eles também marcam os animais capturados – neste caso, por meio da colocação de anilhas, que são pulseiras com um código único que funcionam como um documento de identidade.

As anilhas permitem aos biólogos identificar os indivíduos que já foram capturados em outros monitoramentos e, assim, avaliar aspectos populacionais e área de vida. Como algumas aves tem hábitos migratórios, o anilhamento também serve para estudar aquelas que estão na região só de passagem ou que de fato residem nesses locais. Para complementar os registros, os ornitólogos ainda realizam o avistamento de aves utilizando binóculos e identificam algumas espécies ao ouvir o seu canto.

Segundo Ana Maria Chaves e Geisy Kelen Plodowski, biólogas e bolsistas de pós-graduação em Análise Ambiental que atuam no monitoramento, o trabalho em campo é enriquecedor. “Poder participar de todas as etapas, em especial da captura e manejo dos animais, é uma experiência muito valiosa. Mais que ampliar nosso conhecimento sobre as espécies do bioma Cerrado, é possível colocar em prática as metodologias de inventariamento. Além disso, o contato com outra realidade socioambiental contribui muito para minha formação pessoal e profissional”, conta.

Para Ana Maria Chaves, vivenciar as campanhas de monitoramento de fauna de um Plano Básico Ambiental, acompanhando profissionais altamente qualificados, reforça a importância de programas ambientais que visem inventariar e monitorar a fauna após a implantação de um empreendimento. “Além disso, através da prática de campo também pude consolidar conhecimentos anteriores, obtidos durante a faculdade. Sem dúvidas uma experiência que me faz amadurecer profissionalmente”, completa.

O trabalho do Programa de Proteção à Fauna só é possível graças ao exímio esforço de todos estes profissionais, que atuam sob a supervisão do biólogo Dr. Durval Nascimento Neto, coordenador do Meio Biótico da Gestão Ambiental da BR-135/BA/MG. Tendo como objetivo principal a proteção das espécies silvestres e dos ambientes em que ocorrem, o programa também propõe, quando pertinente, medidas para mitigar os impactos negativos do empreendimento sob a fauna.

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Gestão Ambiental – Desde 2016 os profissionais do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura da Universidade Federal do Paraná (ITTI/UFPR) realizam a Gestão Ambiental da BR-135/BA/MG por meio de um termo de cooperação com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Dentre as ações estão o gerenciamento e a supervisão ambiental das obras de implantação e pavimentação do Lote 5 (entre Cocos/BA e a divisa do Estado de Minas Gerais), de melhoramento e ampliação do Lote 4 (entre Cocos e Coribe/BA) e a execução de programas ambientais como o de Proteção à Fauna, de Proteção à Flora, de Educação Ambiental e de Comunicação Social, entre outros.