Programa de Educação Ambiental desenvolvido na BR 262, entre Corumbá e Anastácio (MS), está entre 50 trabalhos selecionados para seminário sobre livros didáticos 

 Entre 04 e 09 de junho, acontece o Séminaire International de La Main à La Patê, na França. O evento reúne pesquisadores que desenvolvem materiais educativos e, em sua terceira edição, conta com a participação de 50 pesquisadores, gestores e profissionais de educação oriundos de todas as regiões do planeta. Uma das experiências que será compartilhada durante o seminário é a da professora do Departamento de Teoria e Prática de Ensino da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Christiane Gioppo. A docente vai relatar parte das ações do Programa de Educação Ambiental (PEA) executado pelo Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI) da UFPR durante as obras de recuperação da BR 262, no trecho entre Corumbá e Anastácio, municípios localizados no Pantanal sul-mato-grossense.

  

Gioppo seminario franca

A organização do seminário opta por selecionar pessoas capazes de replicar as discussões e propostas de trabalho em seus países de origem. A escolha acontece em função da carreira acadêmica e dos trabalhos produzidos pelos participantes. “Indiquei duas propostas para o seminário. A primeira delas ligada à formação de professores e produção de materiais didáticos alternativos produzida no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), sub-projeto aprovado no Edital 2009 para o curso de Ciências Biológicas, a segunda, que é de certa forma um complemento da primeira, pois os materiais desenvolvidos pelo PIBID desencadearam o processo de formação continuada de professores, que aplicamos com o PEA lá no Mato Grosso do Sul”, relata Gioppo.

  

Restrito a dois trabalhos por país, o seminário é organizado pela Academia Francesa de Ciências e pelo Ministério Francês de Atividades Europeias e Estrangeiras. O evento conta com o apoio do Ministério de Pesquisa e Educação Superior da UNESCO e do Centro Internacional de Estudos Pedagógicos.

 

Livro-jogo
Para Gioppo, um dos diferenciais de seu trabalho é o uso de princípios do Role Playing Game (RPG), um tipo de jogo colaborativo no qual os jogadores assumem papéis de personagens e, dentro de um sistema de regras estabelecido, criam narrativas por conta própria.

 

Com experiência em trabalhos com livros didáticos desde 1995, a professora desenvolve materiais pedagógicos alternativos para estórias virtuais ou impressas, conhecidas como aventura-solo, um tipo simplificado de RPG. Usando a noção de links, esse tipo de livro possibilita que a leitura dos capítulos seja realizada de forma aleatória, o que faz com que o aluno tenha maior autonomia para escolher “caminhos” durante a aprendizagem, conforme sua curiosidade. “Além dessa questão, outro diferencial dessas publicações é que elas são um trabalho de autoria. O professor que participa do projeto é uma espécie de ‘criador’ de estórias e de livros. Neste seminário terei oportunidade de aprender mais sobre a produção de materiais alternativos com os maiores especialistas do assunto na França, apoiados pelos gestores da UNESCO. Isso me ajudará a pensar mais profundamente sobre a produção de materiais e a formação de professores que estamos promovendo junto ao PEA”.

 

PEA
As atividades do PEA junto a professores da rede pública de ensino foram iniciadas em agosto de 2011 com o oferecimento do curso à distância “Introdução à Educação Ambiental”. Entre fevereiro e março deste ano, quase 200 profissionais de educação de Corumbá, Miranda e Anastácio participaram de oficinas sobre educação ambiental, ministradas pela professora Gioppo.

Segundo a docente da UFPR, essa metodologia de trabalho investe na ruptura do modelo tradicional de educação e auxilia tanto estudantes quanto docentes. “Antigamente, os professores recebiam uma formação mais técnica para usar acriticamente os livros e outros materiais didáticos. A nossa ideia foi avançar para uma educação mais reflexiva. Se antes formávamos profissionais de educação para trabalharem com assuntos específicos, hoje colocamos a biologia dentro de um contexto, buscando extrapolar o conteúdo dos livros e ligando ela a outras áreas de conhecimento”, explica.

 

Para atingir tal proposta de trabalho, a intenção foi caracterizar melhor o Pantanal, a partir do mapeamento do bioma e de sua relação com o campo da cultura, especialmente com o folclore. “Essa escolha ocorreu por conta do caráter interdisciplinar que possibilita conciliar a percepção ambiental com a formação cultural dos professores”, justifica a professora.

 

Hendryo André
Assessoria em Comunicação
ITTI – Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura
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