Pesquisa da UFPR aponta divergências para causas de atropelamento de animais silvestres na BR 262
Para motoristas, falta de visibilidade é a maior causa para acidentes. Para moradores de comunidades próximas à rodovia, os motivos são excesso de velocidade e descuido.
O Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) divulgou nesta quarta-feira (22) uma pesquisa de opinião que aponta divergências para as causas de atropelamentos de animais na BR 262/MS, no trecho entre Anastácio e Corumbá, no Pantanal sul-mato-grossense. O estudo integra as ações do Programa de Comunicação Social (PCS) que acontece em paralelo às obras de recuperação e implantação de acostamentos em 284 quilômetros da rodovia.
De acordo com o estudo, as causas de acidentes envolvendo animais silvestres variam conforme a segmentação de públicos. Para 59,2% dos moradores que habitam comunidades próximas à rodovia, aldeias indígenas e assentamentos, os principais motivos são o descuido e o excesso de velocidade. A opinião é compartilhada por 71,7% dos professores das escolas municipais dos três municípios.
Por outro lado, entre caminhoneiros, motoristas de carros de passeio e de ônibus, ganha destaque outro elemento: a falta de visibilidade, alternativa marcada por 28,1% dos entrevistados.
Para a bióloga e coordenadora do Programa de Monitoramento de Atropelamento de Fauna na rodovia, Marcela Barcelos Sobanski, o resultado da pesquisa mostra o quanto o problema dos atropelamentos de animais silvestres é complexo.
“Durante um ano, desde junho do ano passado, fizemos um monitoramento da rodovia para identificar os locais do trecho que têm maior incidência de acidentes, bem como as espécies mais atropeladas. Com o trabalho que estamos fazendo várias das causas apontadas nesta pesquisa de opinião podem ser resolvidas”, explica a bióloga.
De junho de 2011 a maio de 2012, o Programa catalogou 610 animais atropelados no trecho, 70% eram mamíferos, 23% répteis e 7% aves. Após o período de monitoramento, o Instituto deve encaminhar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), órgão responsável pela obra, um relatório com medidas para reduzir as estatísticas de atropelamento de fauna no trecho.
“Haverá sugestão para que ocorra a supressão da vegetação nas proximidades da rodovia para auxiliar na visibilidade dos motoristas em alguns trechos. Em outros pontos da BR 262, haverá a instalação de cercas. Além disso, outra atitude que deverá ser implantada é a instalação de radares nos trechos com maior incidência de acidentes”, complementa.
Após a avaliação do DNIT e a implantação integral ou parcial das medidas sugeridas pela equipe da UFPR/ITTI, haverá mais seis meses de monitoramento para verificar a eficácia das medidas.
Ações com motoristas
De acordo com o estudo, 41% dos motoristas afirmaram ter tido acesso a informações sobre o projeto “BR 262 – Faço parte deste caminho”. Desde o início da gestão ambiental, em junho de 2011, até a aplicação da pesquisa, no último mês de julho, foram desenvolvidas ações mensais de conscientização com caminhoneiros (no Porto Seco, posto de parada obrigatória, em Corumbá), motoristas de veículos de passeio (no Restaurante Zero Hora, em Miranda) e de ônibus (na empresa de viação Andorinha). Ao todo, foram distribuídos adesivos, CDs e outros brindes com alusão à preservação ambiental aos motoristas que trafegam pela região.
“O resultado com os motoristas não nos surpreende porque foram programadas várias ações com eles, mas nos impressiona. Isso porque, em função desse público ter como característica a mobilidade, fica muito difícil mensurar o resultado da estratégia adotada. Se analisarmos friamente os números, com os professores, por exemplo, tivemos um reconhecimento quase unânime do projeto, no entanto, é um grupo em que no trabalho de logística é mais tranquilo, já que todos estão reunidos”, explica a professora do Departamento de Design e coordenadora do Programa de Comunicação Social do Instituto, Dulce Fernandes.
O levantamento entrevistou 585 pessoas durante o mês de julho. Além dos caminhoneiros foram consultados ainda outros motoristas que trafegam pela rodovia (profissionais do sistema viário, além de motoristas de carros de passeio), professores de escolas municipais dos três municípios, moradores de assentamentos, aldeias indígenas e comunidades do entorno da rodovia. A margem de erro é de dez pontos percentuais.
Hendryo André
Assessoria de Comunicação
ITTI – Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura
(41) 3226 6658 | [email protected]