Canal de navegação que tem mais de mil quilômetros de extensão só no Brasil, fica comprometido com bancos de areia durante a estiagem

 

A Universidade Federal do Paraná (UFPR), por meio do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (UFPR/ITTI), está realizando o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) da Hidrovia do Rio Paraguai por solicitação da Diretoria de Infraestrutura Aquaviária (DAQ), órgão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que pretende adequar a hidrovia e melhorar o transporte de cargas, desafogando as rodovias da região.

Atualmente no Brasil, a bacia do Rio Paraguai é uma das hidrovias com melhores condições de navegação. Ela vai de Cáceres, em Mato Grosso, até Nova Palmira, no Uruguai. São 3.442 km que servem Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai, dos quais 1.270 km ficam em território brasileiro.

De acordo com dados da Administração da Hidrovia do Paraguai (AHIPAR), mais de 6 milhões de toneladas de cargas são transportadas pela Hidrovia todos os anos. São transportados principalmente minérios de ferro e manganês a longa distância.

cargas EVTEA

Estudo
Eduardo Ratton, coordenador-geral do EVTEA, explica que será estudada, a partir de pesquisas de campo, toda a extensão da Hidrovia do Rio Paraguai e alguns afluentes em território brasileiro. “Além das características físicas, serão estudadas todas as diretrizes de ordem econômica que interagem com o entorno da Hidrovia, conhecendo as questões, socioeconômicas e ambientais da região”, comenta.
O resultado será um quadro completo da área de estudo para proporcionar uma Hidrovia econômica e ambientalmente viável, segura e com um uso pleno como corredor hidroviário, capacitando-a para transportar cargas consideradas nas projeções das demandas, até o cenário de 2035.

Visita Técnica
Junto com técnicos da AHIPAR e do Dnit, a UFPR/ITTI já realizou uma expedição ao longo do canal principal do Rio Paraguai. Dividida em duas etapas, a expedição percorreu o Tramo Norte do rio, entre os municípios de Cáceres e Corumbá, em Mato Grosso do Sul, somando 700 km de navegação, e Tramo Sul, entre Corumbá e a foz do Rio Apa, trecho com aproximadamente 600 km.

legenda EVTEA

Os trabalhos incluíram a avaliação e o cadastramento da sinalização náutica, identificação dos processos erosivos existentes nas margens e possíveis impactos ambientais, rastreamento do canal navegável e determinação de sua profundidade, entre outras atividades.

“O intuito da expedição foi avaliar e cadastrar as condições de navegabilidade da bacia identificando as áreas de difícil navegação, bem como avaliar a sinalização do trecho e a ocorrência de impactos ambientais ao longo das margens”, comenta Ratton.

Navegabilidade
O Rio Paraguai, nas épocas de cheias, é altamente viável para a navegação, entretanto, nos períodos de estiagem, ela fica comprometida com o aparecimento de bancos de areia. Deste modo, a expedição realizou a batimetria, que é a medição de profundidades mínimas ao longo do rio e nos pontos críticos do rio.

“Pudemos perceber que o Tramo Norte está bem preservado e tivemos apenas dificuldade de navegação devido à presença de aguapés, conhecidos como camalotes, que encobriam todo o rio em uma extensão de aproximadamente quatro quilômetros. Esse fenômeno é conhecido na região como “entupimento””, conta o engenheiro civil da UFPR, Carlos Nadal.

ITTI
O Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) atua na elaboração, execução e supervisão de programas e estudos destinados à Gestão Ambiental de obras, especialmente na área de transportes, tais como as rodovias, ferrovia, hidrovias e portos. Com uma equipe técnica multidisciplinar formada por professores, pesquisadores, estudantes e profissionais especializados, os projetos da UFPR/ITTI também complemplam aspectos relacionados à gestão territorial, questões socioambientais e quanto ao uso e conservação de recursos naturais.

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